quarta-feira, 1 de abril de 2009

O trabalho com toras, junto com as peças feitas a nanquim, constituem minha nova produção. Este trabalho começou por que era época do corte de eucalipto na região onde vivo e numa das minhas andanças, uns galhos caídos, restos do corte, me chamaram a atenção pela forma, textura e cor. E eu, que sempre ando à procura de materiais diferentes para transmutar em obras, achei assim uma fonte inesgotável de belíssimos suprimentos. Além disso, pintar em superfícies tridimensionais requer uma forma de trabalhar (e pensar) bem diferente da pintura em superfícies planas, o que representa um novo desafio técnico, coisa que eu amo, pois sempre me abre novos horizontes para expressar a criatividade. 


Se o trabalho a nanquim se pode comparar à música clássica na sua composição de encaixes matematicamente precisos, costumo comparar a pintura em toras com o Jazz, pois sempre parto de uma figura ou tema central e vou improvisando o que vem a seguir. Fico brincando com o erro, usando-o como auxiliar da criação, um transformador  que, mudando a seqüência, abre novos caminhos. 




Uma idéia se desenvolve em outra, sem planejamento prévio, eu só sigo o que me dizem a cor, a forma e a textura da peça, sempre atento ao que ela sussurra em meu coração numa linguagem que é, ao mesmo tempo, uma mistura de feliz liberdade e adrenalina correndo pelas veias. Dá até para sentir um medinho gostoso antes de começar a pintar ou quando chego num lugar de difícil solução e devo achar alguma saída alternativa um pouco  mais ousada. 





Nestas esculturas pintadas (ou pinturas tridimensionais) uso geralmente látex e  lápis de cor, com uma fina camada de verniz fixador para permitir que a madeira, que continua viva por muito tempo após o corte, continue se transmutando. Quanto mais antiga a madeira, mais bela ela fica.  



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